
Quando o Espírito sopra
por Delmo Fonseca
Hálito e bafejo são outras designações para o termo sopro. E o sopro é um ar expirado, um vento que exala da boca. Nesse sentido, o Espírito Santo é o hálito de Deus. Mas não se engane: nem todos estão aptos a sentir esse sopro santo. Aliás, o Espírito Santo é originalmente identificado em hebraico como Ruah Kadosh, que significa vento sagrado, sopro de vida.
O Espírito Santo nos move e, por ele, somos condicionados a andar em direção a Deus. É por meio dele que entendemos as coisas concernentes a Deus. Os que são mergulhados no Espírito de Deus, isto é, batizados no Espírito Santo se veem cercados pela presença do Senhor em todo o tempo e por todos os lados. “Para onde me irei do teu espírito, ou para onde fugirei da tua face? Se subir ao céu, lá tu estás; se fizer no inferno a minha cama, eis que tu ali estás também. Se tomar as asas da alva, se habitar nas extremidades do mar, Até ali a tua mão me guiará e a tua destra me susterá” (Sl 139.7-10)
A respeito do Espírito Santo, Jesus o descreve como o outro consolador. De fato, é o Espírito Santo que nos conforta nos momento de solidão e dor. "Se vocês me amam, guardareis os meus mandamentos. E eu rogarei ao Pai e Ele vos dará outro Consolador, para estar com vocês para sempre, o Espírito da Verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê nem o conhece; mas vós o conheceis, porque ele habita em vocês e estará convosco " (Jo 14.15-18). O Espírito Santo faz por nós tudo o que Jesus fazia pelos discípulos quando andava com eles.
O Espirito Santo nos aconselha: “Mas eu afirmo que é para o bem de vocês que eu vá. Se eu não for, o Conselheiro não virá para vocês; mas, se eu for, eu o enviarei. Quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo. Do pecado, porque os homens não creem em mim; da justiça, porque vou para o Pai, e vocês não me verão mais; e do juízo, porque o príncipe deste mundo já está condenado” (Jo 16.7-11).
O Espírito Santo sonda todas as coisas: “... o Espírito tudo esquadrinha, até as coisas profundas de Deus” (1Co 2:10).
O Espírito Santo não se dá a conhecer ao homem natural: “O homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, pois para ele são loucura; não as pode conhecer, porque são julgadas espiritualmente” (1 Co 2:14).
O Espírito Santo examina as intenções do nosso coração e as traduz para o Pai: “... o Espírito nos ajuda em nossa fraqueza, pois não sabemos como orar, mas o próprio Espírito intercede por nós com gemidos inexprimíveis. E aquele que sonda os corações conhece a intenção do Espírito, porque o Espírito intercede pelos santos de acordo com a vontade de Deus” (Rm 8. 26-17).
O Espírito Santo é o selo garantidor da nossa nova identidade. “Com o fim de sermos para louvor da sua glória, nós os que primeiro esperamos em Cristo; em quem também vós estais, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação; e, tendo nele também crido, fostes selados com o Espírito Santo da promessa. O qual é o penhor da nossa herança, para redenção da possessão adquirida, para louvor da sua glória” (Ef 1.12-14).
Ao retomarmos o entendimento de que o Espírito Santo é o hálito de Deus, o reconhecemos como o sopro vivificante direcionado a Adão: “Então o Senhor modelou o ser humano do pó da terra, feito argila, e soprou em suas narinas o fôlego de vida, e o homem se tornou um ser vivente” (Gn 2.7). No entanto, este sopro sustentou o primeiro homem por pouco tempo, pois o advento do pecado o separou de Deus, fato que também se repetiu com Saul: “E o Espírito do Senhor se retirou de Saul, e atormentava-o um espírito mau da parte do Senhor” (1Sm 16.14). Diferentemente de Saul, o rei Davi se humilhou e clamou a Deus: “Cria em mim, ó Deus, um coração puro, e renova em mim um espírito reto. Não me lances fora da tua presença, e não retires de mim o teu Espírito Santo” (Sl 51.10,11).
O sopro do Espírito nos vivifica a cada dia. Sem o mover do Espírito não conseguimos buscar a vontade de Deus. Disse Jesus: “Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus. O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é espírito” (Jo 3.5,6).
Assim entendido, concluímos que a graça de Deus nos é revelada pelo Espírito Santo. A graça de termos acesso ao reino de Deus, aos braços do Pai, à vida com Cristo é obra do Espírito Santo. E esta é também a conclusão do apóstolo Paulo ao discorrer sobre a natureza do reino de Deus. “Porque o reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo” (Rm 14.17). Em outras palavras ousamos dizer: o reino de Deus é a efetivação na vida cotidiana do sopro sagrado. Por isso clamamos: Vem, ó Espirito de Deus! Sopra em nós seu imenso amor e restaura nossa vida.