
Cristãos perseguidos
por Delmo Fonseca
Como está escrito: “Por amor de ti somos entregues à morte todos os dias; fomos considerados como ovelhas para o matadouro” (Rm 8.36).
Há culturas religiosas que apregoam o caminho do meio. Não obstante, há também culturas religiosas que optam pelo lado extremo do caminho. A sabedoria popular costuma apontar para uma direção que não seja “nem tanto à terra nem tanto ao mar” ou “nem oito nem oitenta”. O caminho do meio compreende uma existência em que se vislumbra a alteridade, isto é, reconhece-se o direito do outro ser outro. Os que optam por andar nas margens ou nos extremos querem ocupar todos os espaços e, para isso, é preciso eliminar o outro.
Nos últimos tempos temos assistido a um crescente número de atentados terroristas contra comunidades cristãs em países de populações majoritariamente mulçumanas. Por que os mulçumanos moderados não se opõem aos extremistas? Em tese, os moderados estariam no caminho do meio segundo nosso raciocínio.
Na primeira semana de abril de 2015, quase 150 estudantes cristãos foram brutalmente assassinados no Quênia. Em meados de setembro de 2014 cerca de 350 cristãos padeceram na Nigéria. Em 15 de março último, ainda na Nigéria, 100 cristãos foram mortos durante um ataque a uma aldeia, dentre estes, mulheres e crianças. A pergunta que não quer calar é esta: será que cristãos e mulçumanos servem ao mesmo Deus de Abraão? Está registrado no Alcorão 7:56 que “...a misericórdia de Deus está próxima dos benfeitores.” Ainda que o extremista mais sanguinário tente distorcer estas palavras em proveito próprio, dificilmente convencerá que seus atos sejam benfeitorias e por isso Deus se encontra próximo dele. O mal busca os extemos, os extremistas.
Cristãos estão sendo mortos porque se negam a voltar atrás. Quem foi alcançado pela graça de Deus, quem experimentou o amor e a misericórdia de Cristo é levado a buscar a paz. Cristo não encarna o caminho do meio das culturas orientais, é muito mais excelente do que qualquer ideário humano. Cristo é o próprio caminho que nos possibilita chegar a Deus, que nos aproxima do Pai. “Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vem ao Pai a não ser por mim.” (João 14.6).
Os milhares de cristãos que estão a padecer nas mãos de extremistas islâmicos, sejam na África, Ásia ou Oriente Médio, cultivam a coragem de não se deixarem intimidar pelo terror. O Ocidente fecha os olhos para o que está acontecendo. Estas são as palavras do parlamentar libanês, Samy Gemayel, que resolveu apelar à comunidade internacional pedindo para que algo seja feito contra os extremistas islâmicos que estão atacando e destruindo cidades e matando cristãos: “Se os Estados Unidos e a comunidade internacional não intervierem, os cristãos podem ser expulsos dos países árabes do Oriente Médio dentro de dois anos”, disse ele.[1]
A organização Portas Abertas[2], graças a Deus, tem sido um alento para os cristãos perseguidos, pois concentra informações e incansavelmente busca ajuda para os que são diretamente afetados. Em nossas orações devemos incluir os irmãos perseguidos pelo mal, principalmente o mal travestido de religiosidade.
A despeito de evitar os extremos, recebemos do apóstolo Paulo a orientação de que “Deus não nos tem dado espírito de covardia, mas de poder, de amor e de moderação” (2Tm 1.7). Eis aí o Deus de Abraão.